28 de fevereiro de 2009

Mais uma sessão de Rádioterapia...



Na sexta-feira tudo correu bem, lá fui com a D. Amália (a Sra. da cadeira de rodas) e uma outra Sra, que trabalha nos bombeiros, que ia para o hospital de S. José.


Foi uma viagem calma e tranquila. Eu apesar de tudo estava bem disposta, alias facto notado pela D. Ana, funcionária dos bombeiros. Disse-me que quem olha para mim nem acredita que estou doente. Pois...


Sinceramente já nem sei se isso é bom ou mau...

À chegada encontrei a enfermeira e falámos um pouco, depois esperei pacientemente pela minha vez. Foi curtinho, o tempo de espera. A D. Amália entrou para a consulta, eu para a sessão de rádio.


Havia um silêncio de cortar à faca na sala de radiação. As técnicas lá me colocaram em posição, apenas trocando palavras entre si. Primeiro a radiação incidiu sobre o pescoço, depois novo ajuste de posição para o local onde antes existia a mama.


Rezei durante toda a sessão da radio, para que o bicho seja totalmente frito ou estorricado, tanto faz. Ao meio dia, estávamos a duas prontas para o regresso. O motorista estava a caminho e quase não esperámos. Devo dizer que este moço (Sr. Afoito) foi impecável. Humano, atencioso e preocupado.

A D. Amália ( a sra. da cadeira de rodas) também estava muito feliz. Ia pela primeira vez chegar a casa pelo inicio da tarde e não de noite, como muitas vezes acontecera. Confessou que durante o mês em que se deslocou ao hospital para fazer radioterapia muita coisa lhe aconteceu. Desde 4 horas em viagem de um lado para o outro dentro de Lisboa, a percorrer outros hospitais onde deixavam e recolhiam doentes, até que ás nóduas negras que tinha nas pernas, pois em semanas anteriores um bombeiro ao deslocá-la para o interior do veículo de transporte arremessou-a contra os braços das cadeiras, onde ela foi embater com as pernas. Fiquei estupefacta. Perguntei se tinha reclamado. Disse-me que não o fizera pois teve receio. Afinal não é só comigo...


Depois do almoço senti um cansaço tão grande, tão grande que fui dormir. Acordei ás 20:00 horas para beber um caldo, pois já me é difícil engolir, muito embora digam lá na radioterapia que não pode ser da rádio, que ainda é muito cedo, a verdade e que engolir é bastante doloroso. Ainda cheguei a colocar a hipótese de ser constipação, pois o nariz esteve entupido e sangrou uma vez, mas agora tenho dúvidas.


Hoje dormi todo o dia, parece que fiquei sem energia, esgotada...


Beijos e orações, queridos seres de luz, obrigado pelas lindas mensagens, testemunhos e experiências. Queira Deus que tudo melhor para todos.

26 de fevereiro de 2009

Trataram-me sem humanidade...outra vez


Queridos amigos,

Parece que o inferno afinal veio para ficar. Vieram buscar-me à hora marcada, cheguei 40 minutos mais cedo, fui logo atendida, fiz o tratamento, fui ter com a enfermeira por causa da rouquidão e nariz entupido, e entre chamar médico e passar receitas ao meio dia estava totalmente despachada.

Sabem quando cheguei a casa? Ás 15:10 h. É verdade!!! Eu só tenho que percorrer 85 Kms, mas ficámos á espera de um Sr. que foi operado á vista no dia anterior e de um outro Sr. que foi fazer transfusões.
Só para terem uma ideia da desumanidade, digo-vos que a Sra. que faz radioterapia antes de mim e que sai de Santarém às 7:30, e que está confinada a uma cadeira de rodas, ainda estava á espera para vir para casa, há horas... veio no mesmo transporte que eu!!

Sem almoço, com fome, cansados, sem forças e com a capacidade máxima do transporte em excesso de lotação, com um acompanhante de doente a ocupar o lugar do tripulante ( em plena violação legal) , sem tripulante ( que é obrigatório por lei, mas que os bombeiros teimam em ignorar), lá nos deixamos transportar.

Enervada, mal disposta, sem perceber porque me tratam como um animal, quis desistir.
O Puma fez vários telefonemas, quer para os bombeiros (ouvindo inclusivamente a ameaça do comandante que iria proceder ao cancelamento do meu transporte) quer depois para a central de transportes de Santa Maria. Eu própria cheguei a falar com uma técnica da radioterapia e com a central de transportes. A dada altura admiti ao telefone que preferia a morte do que a esta desumanidade. Pedi para me esquecerem, para me deixarem morrer e estava convicta daquilo que disse. Porque isto assim já não é lutar pela vida, é morrer aos bocadinhos!!!

O Puma entrou em desespero, eu atirei-me para o sofá e todo o dia não me alimentei, queria mesmo acabar com a minha vida. Eu sou uma pessoa, não um animal, mereço dignidade na doença. Só porque alguém pretende visar o lucro em vez da humanidade casos como este acontecem todos os dias. Porém as pessoas, doentes e receosas por penalizações não reclamam.

Não é suposto o lema dos bombeiros ser, vida por vida? O que será que significa a vida humana para os bombeiros? Serão eles realmente uns heróis ou somos nós que queremos acreditar nisso?

Por volta das 18: 00 horas , a central de transportes lá encontrou uma solução, articulada com a radioterapia. Mudaram o meu horário de tratamento. Passa a ser mais cedo, ás 10 h, o que quer dizer sair de Santarém ás 8:30h. Vou com a Sra. da cadeira de rodas, que como mora mais longe irão buscar - la primeiro.

Mais tarde os bombeiros telefonaram a tentar trocar aquilo que se havia combinado.
Nem sei o que dizer, nem o que pensar... mas devo dizer que o Puma voltou a repetir o que fora combinado com Santa Maria, ouvindo um simples: " haa, está bem".

Vamos ver como corre o dia de amanhã. Quero paz para que os tratamentos corram bem, é pedir muito?

Beijos e orações, queridos seres de luz.

Correu bem

Queridos amigos,

Desculpem não ter ido aos vossos cantinhos, mas tenho sentido um cansaço tão grande, que passado pouco tem ao computador, adormeço.

Obriguei-me no entanto a vir aqui para vos dizer que no dia 25 correu tudo bem, tratamento e transporte. Amanhã assim que chegar darei pormenores.

Obrigado do fundo do coração. Bem Hajam a todos.

Beijos e orações

23 de fevereiro de 2009

Nem Sei Que Vos Dizer...



Queridos e adorados amigos,

Não tenho dado noticias, porque muito sinceramente nem sei o que lhes dizer...

Esta fase era suposto passar sem sobressaltos, mas na verdade tem sido um inferno.

Ao fim de 9 meses a caminhar para Lisboa, 6, 7 vezes por mês, pedi transporte. Economicamente seria incomportável deslocar-me todos os dias durante 5 semanas para fazer os tratamentos de radioterapia.


Com o transporte começou a minha novela mexicana, repleta de encontros e desencontros com os bombeiros. Tem cenas de incumprimento de horários, capitulos de recolhas a horas exageradamente mais cedo, um argumento com horas intermináveis de espera no hospital, mal acomodada, sem posição, mal alimentada, sem tomar a medicação, a ir à casa de banho despir-me para colocar o creme, com os demais doentes a bater à porta a perguntar se demorava muito, a chegar a casa tardíssimo...cansada, enfim...podem imaginar...

Hoje (dia 23) foi o primeiro dia que tudo correu com normalidade. Viatura em condições, cumprimento de horários, e todos coordenados e despachados à mesma hora.
Entretanto passei o fim-de-semana a fazer cartas de reclamação. O Puma, porém pediu que não as enviasse sem ele falar com o comandante dos bombeiros, para perceber melhor o que se andava a passar. E assim foi.

Ficámos completamente atónitos com a resposta. O Hospital de Santa Maria requisitou aos bombeiros que fizessem o meu transporte, dizendo porém que só pagariam uma percentagem, então fui incluída no grupo de doentes da zona de Santarém que tenham que se deslocar aquele hospital, para minimizar os custos. Se os meus tratamentos acabarem primeiro, tenho ainda de esperar que todos acabem as consultas para fazer o percurso de regresso. Até aqui, nada de muito stress (a não ser quando se ultrapassa as duas horas de espera!!!), o mais caricato é quando me fazem transportar em veículos sem o mínimo de condições, sob o pretexto de não terem viaturas. A minha coluna lombar fica a latejar de dor.

O Puma focou este último aspecto ao comandante, ao que lhe foi respondido que o referido hospital não informou que eu era doente oncológica, nem que tipo de tratamento eu iria fazer. Portanto os bombeiros apenas sabiam que iriam transportar uma senhora de 35 anos, que não requeria quaisquer cuidados e que apenas precisava de se deslocar ao hospital. Pensaram que seria só mais um paciente que iria para as consultas - dizem. Mas isso, quanto a mim, não justifica que o transporte seja feito em veículos degradados, que não oferecem condições.


Com toda esta confusão, o desgaste emocional tem sido elevadissimo e o segundo tratamento não correu muito bem. Pedi para falar com a médica, pois a situação do inchaço da cara do dia anterior preocupava-me. Primeiro disseram que não podia ser, insisti, e lá me disseram que no final iam ver se era possível. Senti que estavam a desvalorizar a minha preocupação e a tratar-me com displicência.


Quando me deitei na maca para receber a radiação, uma técnica puxou o meu braço com alguma velocidade, para o colocar no estribo. Como é universalmente conhecido eu tenho pouquissima mobilidade no membro e tal gesto doeu. Reclamei, ela reclamou, enervou-se comigo, eu respondi à letra. A tensão na sala era superior à radiação, acreditem.


No final disse-me que teria de me deslocar ao gabinete da enfermeira, pois teria de aprender umas coisas sobre cuidados da pele. Percebi logo pelo seu tom de voz que não era propriamente isso que iria lá fazer. De facto não foi. A enfermeira, simpatiquissima, chegou à conclusão que o vermelhão na cara seria uma alergia e chamou a médica, que partilhou da mesma opinião.
Entretanto perguntou-nos também se estávamos a ser acompanhados psicologicamente e se já havíamos falado com alguma assistente social.


Em poucos minutos reuniu todos os profissionais de saúde mencionados e um de cada vez falou connosco. Obrigado, a Sra. Enfermeira, a sra. é realmente uma força motora e possuí um coração do tamanho do mundo.


Foi muito positivo, só é pena que isto tenha acontecido só ao fim de 9 meses...andámos tão perdidos...mal informados...sem norte muitas vezes... mas lá diz o ditado, mais vale tarde do que nunca!!

Na quarta-feira vamos tentar falar com a central de transportes de Santa Maria para ver se nas próximas 4 semanas o transporte corre tão bem como hoje. Afinal de contas tenho de reunir energias para fritar o bicharoco e estes episódios com o transporte causam-me desgaste.

E foi por isto que não vos disse nada. Nem sabia por onde começar. Ando cansadíssima, sem animo muitas vezes, irritada, chorona, com rouquidão (acho que é da Rádio), com tonteiras na cabeça...


Pode ser que o Carnaval me anime. Obrigado de coração a todos pelo carinho e um beijo especial à Lina e à Nela, desculpem todos os outros, mas elas merecem um miminho extra.

Beijos e orações

19 de fevereiro de 2009

Radioterapia



Queridos amigos,


Hoje fiz a primeira sessão de radioterapia. Apresentei-me lá ás 14:40 e como restava a dúvida se iria fazer o segundo TAC ( que me haviam falado na consulta) ou tratamento, perguntei assim que lá cheguei.
Foi-me então esclarecido que iria fazer as marcações e a primeira sessão. Teria sido mais simples terem-me explicado tudo ao telefone, mas enfim...

Estava tudo muito atrasado, por isso tive de esperar cerca de duas horas e meia até me chamarem.

Entrei, vesti a bata (previamente fornecida no dia em que lá fui fazer o TAC) conforme me indicaram, e deixei que me encaminhassem para a sala onde é feita a radiação. Lá tira-se a bata e fica-se em tronco nu.

De seguida, bem mandada, deitei-me na maca do aparelho, encaixando o meu corpo numa estrutura com as formas do corpo ( tipo cadeira de bebés, mas deitada). A cervical ficava demasiado elevada, por isso queixei-me. A primeira vez ignoraram, dizendo que tinha sido assim que tinham sido feitas as marcações do TAC, mas como insisti, lá substituíram a elevação por uma mais baixa.
Fiquei então sozinha na sala com o aparelho a rodopiar por cima de mim. Duas técnicas observavam tudo através de uma câmara de filmar, situada na parede.

Entraram uma ou duas vezes na sala para fazer as tais ditas marcações com uma caneta tipo acetato (podem ver nas fotos os riscos e as cruzes). Referiram que não as posso apagar, pois são os pontos de referência para máquina.
Agora tenho pinturas rupestres e tatuagens - ehehehehe - muito na moda, não acham?
As tatuagens, que consistem em 3 pontinhos tatuados na pele, um no peito de dois nas costelas, já haviam sido feitas no dia do TAC.

O aparelho percorreu o meu corpo e parou várias vezes sobre a cicatriz, sobre as costelas e do lado esquerdo também.

Permaneci mais de 1 hora com os braços esticados para trás da cabeça e em cima de uns estribos, completamente imóvel.

Já me doía o ombro e o braço, que, com a sua fraca mobilidade, estava a matar-me!!
Quando acabou, saí, vesti-me e coloquei bastante creme.

Cheguei a casa às 21 horas, exausta e com a cara inchada e muito vermelha do lado direito (até me custa a fechar o olho direito). Não percebi porquê, não é suposto ter radiação na cara ( na foto da esquerda ainda dá para ver e esta foi tirada 4 horas após a sessão de rádio...), amanhã vou ver se consigo falar com a médica.

Queridos, vou deitar-me, que amanhã tenho de lá estar de manhã, para mais uma sessão.

Beijos e orações


18 de fevereiro de 2009

Um dia muito feliz...




Queridos e adorados Seres de Luz,



Ontem dormi até mais tarde e acordei bem disposta.
Por volta do meio dia, a primeira alegria - a vista da minha Madrinha.

Almoçamos juntas e metemos a conversa em dia, bem...quase, ficou muito ainda por conversar... nós somos assim quando nos juntamos.

Devo dizer que gosto muito da Madrinha, ela tem sempre um conselho, uma palavra de carinho, um ralhete, um mimo, uma preocupação, um abraço bom. Foi maravilhoso aquele bocadinho!!


Depois segui para Lisboa para mais uma sessão de fisioterapia na Associação Portuguesa de Apoio à Mulher com Cancro da Mama (http://www.apamcm.org/) .

Sentia o braço muito dorido e pesado, a mão grossa e pouco móvel, mas a drenagem linfática manual (que a querida e paciente terapeuta Patrícia fez) e a manga aliviaram-me bastante.

Uma das companheiras da fisioterapia- a Anne Marie - ofereceu-me um arranjo de flores secas, feito por ela, lindíssimo. Senti-me feliz por ser tão acarinhada. Obrigado, uma vez mais.

De regresso a casa, embora cansada resolvi cozinhar. Fiz uma massa (cozida al dente) com legumes (pimento vermelho, verde, tomate, feijão verde, cebola) estufados a acompanhar e carne picada no meio, tudo regado com molho de mangericão e azeite. O Puma adorou.
Foi um dia muito feliz, quase normal...até me esqueci que estava a lutar contra o bicho.

Obrigado pelos vossos comentários, são muito bons e reconfortantes.


Beijos e orações

P.s. A radioterapia foi adiada. Amanhã vou lá por volta das 15 horas, mas não me souberam dizer se vou fazer novo TAC ou se vou iniciar os tratamentos, foram muitos vagos ao telefone. Por via das dúvidas vou preparada para as duas situações, levo a bata e o creme.

15 de fevereiro de 2009

Namorar é bom!!!....


Ontem, cumprindo a tradição do Dia de S. Valentim, namoramos um pouquinho.


Em abono da verdade, nós até namoramos todos os dias, mas para fazer jus ao dia, adicionamos uns presentes, uns cartões cheios de mensagens amorosas e a foto da praxe.


Queridos amigos, namorem muito, muito, muito, não só neste dia, todos os 365 do ano.


Beijos e orações


14 de fevereiro de 2009

Dois grandes pilares e uma viga mestra...


Olá Amigos,

Quero falar-vos de duas pessoas que amo muito e que têm sido uns pilares magníficos, sempre na sombra, mas basilares em todo este processo.
Falo-vos da minha mãe (mummy) e do meu pai (pappy).

Têm dado apoio, coragem, colinho, alento, carinho, amor, força, alimento e suporte financeiro.
Se não fosse a ajuda deles, não sei como seria...

Leram e informaram-se sobre a doença, acompanham todos os tratamentos a par e passo, falaram com os médicos, com amigos que passaram por situações identicas e envolveram-se de alma e coração.

Um dos aspectos que requereu mais atenção foi a alimentação. É aconselhado aos doentes que fazem quimio para não preparar a própria comida, pois o olfacto está muitas vezes apurado demais e só o simples cheirar da comida, leva à repulsa da mesma.


Para que isso nunca pudesse acontecer os meus Pais tomaram medidas. Preparam todas as refeições com dedicação e primor, autênticos banquetes!!!!


Durante os 9 meses de quimio, mesmo assim, muitas foram as comidas que enjoei ou simplesmente deixei de gostar, pois o paladar muda.

Mas a minha mãe tinha sempre uma solução, um tempero diferente, uma arte que nunca me fez perder o apetite.


Até quando fiz mucosites, (As células sensitivas (mucosas) que revestem a boca e a garganta são danificadas pelos tratamentos contra o cancro tais como a quimioterapia e/ou radioterapia. Os sintomas podem incluir: úlceras dolorosas na boca e garganta, vermelhidão e inchaço das gengivas, secura e dor generalizada na boca, assim como dificuldade em comer, engolir, falar e beber) a minha mummy triturava carne e peixe e misturava nas sopas, tudo muito ralinho, quase liquido, fazia papas de bebé, cozia fruta e fazia batidos (de fruta, de beterraba).


Qualquer desejo de comida ela fazia logo, antes que a vontade pudesse desaparecer.
O IMPORTANTE ERA QUE EU COMESSE!!!.


De facto resultou...estou 10 quilos mais gordita!!! Graças ao seu empenho, as análises ao sangue indicaram sempre bons valores, o que permitiu de 21 em 21 dias fazer os tratamentos e aguentá-los bem.


Também tratou sempre da minha roupa, lavou e passou, arrumou a minha casa, TUDO!!!

Por isso pude preocupar-me só com a minha recuperação, descansar bastante, ( não tanto quanto devia, mas...) o que permitiu uma rápida recuperação.


Hoje, estou pronta para a próxima etapa - a radioterapia - sinto-me fisicamente bem e emocionalmente também me vou aguentando. Tenho a certeza que todo o suporte que a minha família deu e continua a dar contribuiu bastante.


A viga mestra é o meu irmão, que esteve sempre disponível para tudo, fez compras, serviu de motorista, para não falar na parte emocional.


Formaram a brigada anti-bicho, e se Deus quiser nós vamos matar o bicho!!!!

OBRIGADO pela família maravilhosa que têm sido.


A vós queridos e adorados seres de Luz, desejo-vos para além de um excelente fim-de-semana, milhares de bênçãos.


Beijos e orações.



8 de fevereiro de 2009

Foi hoje, foi Hoje!!!!!


Queridos amigos, hoje fui conhecer alguns dos Seres de Luz, que costumam passar por aqui.


Nomeadamente a Cristina Jordão, a Cinda, a Nela e o seu marido, a Cristina, a Carla "da Ervilha", a Alda (já conhecia) , o marido da Alda, a Cacilda, e Meu Deus!! Falta-me um nome!!! Perdoem-me, mas no meio de tanta animação, esqueci-me...
Não sei o nome, mas digo-vos que é bem simpática a outra amiga!!!

Todas elas estavam em Rio Maior, no Cine-Teatro, a ensaiar a peça Rosa Esperança.
Para quem não sabe aqui vai um resumo, que o encenador, Rui Germano (uma jóia de pessoa), publicou no blog: http://equemnaotemcao.blogspot.com/ :


" “Rosa Esperança” é um espectáculo forte e sem complexos, que pretende chamar a atenção para uma dura realidade que mata 4 mulheres por dia em Portugal. O Cancro da Mama.Inserido num projecto de teatro de pesquisa “Projecto Mulheres e o Cancro da Mama” que interpreta e reinventa histórias de pessoas reais “Rosa Esperança“ conta com a participação de 7 mulheres que, não sendo actrizes, decidiram expor a sua própria experiência de luta contra o cancro e aceitaram o desafio de a partilhar com o publico num palco. "


Adorei, adorei, adorei, adorei!!!! só vi o finalzinho do ensaio, mas pelo que vi, posso-vos dizer que as nossas amigas estão um must!!! E a peça é llllllllliiiiiiiiiinnnnnnddddddddaaaaaaaaa!!!!!


E como se nos tivessemos todos conhecido à décadas, demos abraços e beijos sentidos, trocámos alegrias e olhares cúmplices. Tiramos muitas fotografias e o Puma também se encontra em muitas delas, mas como não foi com a nossa máquina,só fiquei com duas!!! (Depois mandem-me as outras, ok?, entretanto podem ver já algumas em http://viveroutravez.blogspot.com/).


No final do ensaio, fizemos um lanche. A mesa já estava toda posta, mas conforme tinha prometido levei um bolo feito pela minha mummy linda, que estava delicioso, uns barretes de Salvaterra de Magos, sumo e espumante para comemorarmos o encontro.
Fizemos um brinde que nunca mais esquecerei: "O melhor ainda está para vir!!!" E assim será!!!

Estava lá também a D. Eugénia Frazão, escritora e poetisa, que nos ofereceu a todas uma trilogia fantástica intitulada: " O Espelho da Alma". Foi uma tarde estupenda.
Senti-me invadida por uma felicidade imensa e vim carregadinha de pilhas novas para casa!!!


Amigos notem no que eu vos digo, não podem perder esta peça!!!! Têm de ir ver!!!! Estreia a 4 de Abril, eu vou lá estar e vocês?


Beijos e orações.




5 de fevereiro de 2009

Sem palavras suficientes para agradecer...


Queridos amigos,


Obrigado, Obrigado, Obrigado, Obrigado, Obrigado, Obrigado, Obrigado, Obrigado, Obrigado, Obrigado, Obrigado, Obrigado, Obrigado, Obrigado, Obrigado, Obrigado, Obrigado, Obrigado, mil vezes Obrigado.

A vossa humanidade e generosidade é titanica. Têm toda a razão...
Eu não vou desistir, vou seguir em frente.

São milhares de coisas acumuladas, sentimentos reprimidos, raivas e frustrações que durante 9 meses foram-se instalando.


Para além da quimio e dos seus efeitos, a vida corre com a sua normalidade, trazendo também tudo o que lhe é inerente (chatices, complicações, despesas). E foi aquela gotinha que fez transbordar o copo.


Cristina, foi muito bom falar contigo, secaste-me as lágrimas!!!


Cinda tens muita razão, isto foi o resumo de duas estreantes - a médica e eu. Ela que deu mais ênfase do que devia aos efeitos colaterais do pulmão, eu porque já devia de saber fazer o filtro, mas como sou novata nisto, fiquei em choque.


Lisa e Nela, sei que ligaram, o Puma mais tarde disse-me, mas eu tinha tomado um comprimido para dormir e apaguei.


Depois de tanta choradeira, dormi o sono dos justos. Acordei ás 15:00 horas, cheia de fome.


Logo a seguir falei com a Cinda, durante horas (desculpa, deves ter gasto uma fortuna) e vim ler todos os comentários, lindos, cheios de energia, vida, cor, esperança, colo, coragem, vivências, e humanidade.


E sabem que mais??? Até fui cozinhar!!


Agora estou aqui, sorridente e bem disposta, estou como nova, pronta para mais uma batalha. Afinal de contas o que eu quero é viver (as vossas ensaboadelas resultaram!!! - hehehehe).

E seja o que Deus Quiser!!!


Parafraseado o meu pai (que ontem liderava a brigada anti-bicho): "E mesmo que isso fosse assim, mesmo que até só ficasses com um pulmão, e acabasses com esse bicho, já tinha valido a pena, tirá-lo cá para fora é que importa!!!"


Mais uma vez foram as vossas palavras que me ergueram.

Obrigado a todos.
Obrigado Puma, Tia Graça, Isa, Isa de Estarreja, Tia Maria de Lourdes, Ana Maria, Lina,Brisa, Cristina J., Nela, Cinda, Lisa, Tia Albertina, Marina, Mrs. Sea, Irene, LuaSLBenfica, Laura, Dani, Paula Padinha, Marilu, Puma, Mummy, Pappy, Madre, Vanda, Vanda Reis, Haline, Tia Branca, Paula Padinha, Isalenca, Alda, Cátia, Mimas, Pittbull, Quem não tem cão, Helena, Kromo, http://superglamorosas.blogspot.com/, e ao técnico de radioterapia da Lisa, que através dela se desponibilizou para tirar qualquer dúvida.


Recebi também uma caixa de titan, pela Patrícia Correia, que vou tomar todos os dias. Está Prometido!!!


Beijos e orações para todos


4 de fevereiro de 2009

Caixa de Pandora



Queridos amigos


Sinto que abri a caixa de pandora...só que nesta caixa não existem os males do mundo, existem os efeitos da radioterapia. Estou triste. Muito triste.


Ontem, quando fui fazer o TAC e a tatuagem para as marcações da zona onde vai incidir a radiação já ia de cariz baixo, tinha tomado conhecimento da morte do Salvador. Perdoem-me a informalidade, mas sinto que o conheci, a net tem destas coisas.


Foi através da Catedral, nome dado ao blog do Salvador, que obtive as primeiras palavras de carinho, alento e coragem. Entrei lá timidamente certo dia e postei um comentário. Havia visto a entrevista dele na Sic Mulher e tive de o congratular. Relatei um pouco da minha situação, lavei a alma.


Fui fazer a cirurgia e quando voltei a Lisa, a Marina, A Tia Branca, a Tia Graça, tinham respondido, oferecendo disponibilidade, ânimo e força. Apresentei o meu blog. Quando as forças me faltaram, lá estavam todas, pela mão da Tia Branca. Por isso devo muito à Catedral e ao Salvador. Foi um lutador sem igual e agora é mais uma estrelinha a olhar por nós.


Tinha tudo isto em mente, quando na consulta me disseram que no meu caso a radiação irá provocar danos no meu pulmão direito. Irá também afectar a garganta.

Fiquei paralisada. Sem fala. Estes danos começarão entre 1 a 6 meses após o terminus da radioterapia e as primeira manifestações são febres baixas e prolongadas, sensação de cansaço e fraqueza, dificuldade em respirar, uma pneumonia. Situação que se repetirá no futuro.
Se não for sempre tratada convenientemente no hospital evoluirá para uma pneumonia de fibrose quistica. Estes casos ocorrem 1 a 2 por ano daquele serviço.


Confessei à médica que estava á espera de muita coisa, mas isso não. Nem do que veio a seguir. Apresentaram-me então um documento. Termo de Responsabilidade. Ainda por cima tenho de assumir a responsabilidade pelos danos, se quiser ser tratada!!!


Tenho de escolher entre irradicar o bicho, que não sei se ainda cá está ou onde está (não disseram) , e a lesão do pulmão. Como devem imaginar estou de rastos...


Quero muito ficar boa, mas porquê este preço tão alto?

Foi a quimo, a mastectomia, a falta de mobilidade, o inchaço do braço, e a sua dormência para o resto da vida, será a radio, a lesãodo pulmão, a inibição de funcionamento dos ovários, a menopausa, os comprimidos durante 5 anos, as injecções de 3 em 3 meses!!!!! NÃO CHEGA AINDA????


Que caixa de Pandora o destino me trouxe!!!!!


Desculpem o desabafo, sei que não estão habituados a ver-me assim, mas hoje só me apetece chorar, chorar e fugir. Eu só tenho 35 anos, Meu Deus!!!....

2 de fevereiro de 2009

Isto vai...devagarinho, mas vai!!!


Olá a todos


Foram as vossas mensagens e comentários que me fizeram levantar hoje da cama.

Faz hoje 6 dias que fui à sala de chuto, mas estou mais fraquita do que o normal, pois desta vez ainda não consigo engolir sólidos. Estou a caldos, papas, sopas de bebé e chá. A minha barriga anda em guerra interna, o que não tem ajudado, pois as dores são mais que muitas. Também perdi o paladar...


Mas nem tudo é mau o resultado do último TAC diz que o fígado e os rins estão bem. Quanto aos intestinos, que era o que nós queríamos saber...bem...nada dizem. É verdade, nada dizem, de modo que em Março repete-se.


Amanhã vamos novamente a Lisboa, fazer o TAC para os tratamentos de radioterapia. Lá irei eu tipo talibã, de máscara, pois ainda não tenho defesas, o sistema imunitário tá em baixa.

Confesso que me divirto um pouco quando ando de máscara, as pessoas olham-nos com pânico, o que dá uma enorme vontade de rir. Acho que pensam que temos algo contagioso, não pensam que é para nos proteger delas, hehehehehehehe.


No topo, uma foto diferente. É uma das salas de tratamentos do Hospital Dia de Oncologia do Hospital de Santa Maria. Coloquei-a, porque ontem perguntaram ao Puma se a quimio era como levar uma injecção.

Ocorreu-me que a maioria das pessoas nunca viu uma sala de tratamentos, então fui sacar esta foto ao site do hospital e explicar um bocadinho o que é isto de fazer quimioterapia.

Como podem ver os doentes estão sentadinhos durante a ministração dos quimicos, o mais confortavelmente possível, em cadeiras articuladas. No caso de Santa Maria, cada sala tem capacidade para oito doentes, uns em frente aos outros.
Como os quimicos têm de ser ministrados nas veias, as enfermeiras procuram as ditas e tentam picar só uma vez, mas ás vezes as veias fogem e lá vem mais uma picadela.

Os que têm veias boas, são picados na mão, que fica repousada em cima de uma almofadinha, no braço da cadeira.

Aqueles que já não têm veias capazes, já não são picados, têm um catecter cirúrgico, normalmente no peito (previamente implantado no bloco operatório).

Depois encaixam-se os tubinhos que saem dos sacos de soro (que têm os quimicos) em cadeia, indo todos desembocar no tubinho que entra nos catecteres. Este tubo por sua vez passa por dentro de uma máquina que indica a velocidade e o tempo com que o quimico deve ser ministrado. Qualquer anomalia que surja, a máquina apita, chamando assim as enfermeiras.

Todos os profissionais de saúde tratam-nos com delicadeza e tentam sempre dar-nos uma palavra amiga. Tarefa dificultada ás vezes pelo elevado número de doentes e o baixo número de profissionais.

As salas têm musica ambiente que passa baixinho, sendo só interrompida quando existe necessidade de chamar outro doente.

Alguns tratamentos duram 7 horas, outros 3 ou 4 (O meu dura cerca de 2,5 horas), de modo que alguns doentes levam revistas, outros dormem e de vez em quando trocam-se algumas palavras.

A cada doente é dado uma caixinha de cartão com a forma de lancheira, com uma garrafinha de água, um pacotinho de leite, uma peça de fruta e um pãozinho.

A quimioterapia envolve uma carga emocional muito grande, (pelo que é e representa, pelos efeitos que produz) e nem sempre os tratamentos correm bem, aumentado o nível de stress de doentes e profissionais, mas todos temos de fazer um esforço e levar isto da melhor maneira possível.

Espero ter contribuído para esclarecer algumas dúvidas, sei que é complicado perceberem. Para mim também foi complicado...perceber e aceitar. Cada vez que ia fazer um tratamento dizia que ia para o castigo. Cheguei a fechar-me no quarto a chorar, na hora de ir, mas com o tempo aprendi a gerir o stress e o tempo de espera (que já chegou a ser superior a 6 horas). Devo até acrescentar que fui fazer os quatro últimos tratamentos, bem disposta, descontraída e sem grandes nervosismos. Devo esta tranquilidade ao Prof. Luís Costa, à confiança que depositei nalgumas enfermeiras e muito especialmente ao meu Puma lindo.

Antes de me despedir, um beijo especial a todos os amigos virtuais, para os quais não existem palavras suficientementes, nem grandiosas que descrevam aquilo que fizeram e fazem por mim.
Têm sido o meu apoio, os meus psicologos e a minha força animica.

Muitos foram aqueles que se diziam meus amigos e dedicados colegas, mas passaram - se nove meses e nem um telefonema me fizeram. Mas voçês apareceram de todo o País, quando mais precisei, a distribuir força e coragem, sem nunca me conherem, monstrando os maravilhosos Seres de Luz que são. BEM HAJAM.

Aos amigos resistentes (verdadeiros, direi), que nunca por um instante me deixaram, aos colegas que procuram saber, aquele xi-coração do costume. Obrigado por estarem sempre aí.

Beijos e orações