Dia dedicado à Natacha

Queridos e adorados amigos

Julgo que todos já sabem que o meu cabelito está um pouco crescidote, mas infelizmente tem muitas peladas e cada vez estão maiores, logo apesar do calor ainda vou à rua com a Natacha (que é a minha linda peruca).

Nunca tive vergonha de estar careca, aliás cá em casa, na presença dos amigos, no teatro, e nos locais mais familiares, andei sempre de cabeça ao léu, ou com os meus gorrinhos (que no inverno o frio aperta), mas não gosto de ser observada.

Muito embora os doentes oncológicos já sejam encarados de outra forma, finalmente a sociedade já nos olha como seres humanos e não como coisas raras de quem é preciso criar distância segura, ainda vejo que param na rua para olhar melhor.

Na maior parte das vezes nem me afecta, porque sou uma doente oncológica com orgulho, que enfrenta a doença de frente, que se mostra sem rodeios, mas como gosto de andar e passar desapercebida muitas vezes, sem ser alvo dos olhares de pena, sem que me toquem no braço e me chamem de coitadinha, a Natacha (nome de baptismo, que lhe foi dado pelo staff da fisioterapia do HSM, que lhe assenta como uma luva) tem desempenhado um papel fundamental.

Hoje teve direito a tratamento VIP. Não era lavada há imenso tempo, tanto tempo que lhe perdi a conta, estava uma lástima.
Foi lavadinha, com um shampoo próprio para o cabelo dos bebés, levou amaciador e depois com uma boa dose de paciência, algumas horas e bastantes papelotes adquiriu um aspecto ondulado.

Digam lá se não valeu a pena? Está linda, digna de uma estrela de hollywood.
Amanhã fará um brilharete quando sair á rua!!!

Beijinhos de Luz para todos