18 de agosto de 2010

Não sabia o que dizer, por isso nunca disse nada...


Queridos amigos


A vida corre com a normalidade possível, entre consultas, próteses e trabalho, cada dia representa um desafio que me apraz ultrapassar. Ando feliz.


Ao principio era muito penoso interagir com alguns colegas. Acho que inconscientemente guardava mágoa de quem nunca me disse nada, nem nunca perguntou a terceiros por mim. Hoje porém, arquivei-os num grupo que se chama: " Não sabia o que dizer, por isso nunca disse nada..." e arrumei o assunto. O meu EU racional entendeu perfeitamente esta atitude, mas o meu EU emocional nem sempre...agora estão os dois em harmonia!!!!


Penso muita vezes se haverá tanta gente assim que não saiba o que dizer...o que embarga as palavras ás pessoas? Será o peso da palavra CANCRO? Será a sombra da morte?

Nós não esperamos ouvir grandes discursos, só perceber que se importam connosco, que a nossa existência tem algum sentido...


Quando não souberem o que dizer a alguém que se tenha encontrado com o bicho, mostrem somente o vosso carinho, ás vezes um sorriso cura mais do que a medicação. Ofereçam-no sem delongas, vão ver que não custa nada!!!!


Isalenca e Tia Branca, adoro-vos, bem hajam pelas vossas lindas mensagens. Primo Manuel e Rosa, adorei vê-los!!!Beijos grande!!!



Beijos de Luz para todos vós


8 comentários:

Especialmente Gaspas disse...

Acho que é esse exactamente o nome indicado: Não sabia o que dizer, por isso nunca disse nada...

E acredita que há muitas pessoas assim, e não é só com o cancro é também com outras doenças "provavelmente fatais". Não é por mal... mas acho que as pessoas ficam com medo de dizer algo que possa ferir o doente e por isso ficam caladas... pronto, acabam por feri-lo na mesma.

Acho que o medo esta em: O que vou dizer a alguém que vai morrer? Quando se calhar devia pensar antes em: Ele(a) vai viver porque não dar-lhe força para isso... mas o medo da morte fala mais alto.

Depois também há os doentes que se fecham em copas e que o tal simples sorriso de que falas a eles pode soar-lhe como: Pena!!

É complicado...

Bom ver-te animada!
(Ricardo e Sónia)

Natália Fera disse...

Olá Lily

Gosto muito desta tua mensagem.

Também eu já tentei arquivar algumas pessoas em grupos,mas como dizes o meu Eu emocional ainda não consegue arquivar tudo.
Durante o nosso processo de cura passamos por muita coisa e aprendemos a conhecer melhor as pessoas.
Temos os que como tu dizem
(Não sabia o que dizer, por isso nunca disse)
Será que um telefonema a dizer!
Desejo-te que corra tudo bem...beijinhos
Custa assim tanto?

Lily gosto muito de ti ,sabes que não é preciso conhecermos-nos pessoalmente para esse sentimento existir,tivemos a sorte de aqui encontrar amigas fantásticas que nos compreendem muito bem e estão sempre prontas a nos ajudar,aqui não existe pena,existe solidariedade,existe muito carinho e sabes tão bem como eu que quando as conhecemos pessoalmente são exactamente como aqui.
AMIGAS DO PEITO E DO CORAÇÃO..

Beijinhos Lily
Beijinhos para o teu Puma.

Gosto muito de vocês.

Anónimo disse...

Liliana gosta de receber carinho,aqui lhe mando o meu ,um ABRAÇO daqueles bem apertados ,um beijinho cheio de ternura.
Felis

IsaLenca disse...

Queres ver que fico sem saber que dizer? :)

Não é preciso dizer muito nem todos os dias. Pena....nem pensar!!
Pena tenho é das pessoas que têm duas faces e são complicadinhas.

Falámos poucas vezes mas já sabes que aqui estou, caso precises.

Como disse , e muito bem, a Natália, nesta cadeia virtual encontrámos amigas fantásticas existe solidariedade,existe muito carinho - são as AMIGAS DO PEITO E DO CORAÇÃO.

Bjs

B.A. disse...

Olá,

Também nao é assim tao linear como estás a dizer...
Há um ano atras, eu e uma rapariga estavamos prestes a assumir um namoro, quando lhe foi diagnosticada o "bicho".
Desligou-se de mim, desapareceu, afastou-se...sumiu. Durante varios meses, todos os dias enviei-lhe uma sms de apoio, para nunca desistir, que aceitava tal como ela era...
Fiz aquilo que muitos rapazes nem sequer se davam ao trabalho, sofri imenso e ainda hoje sofro... Ela simplesmente pos-me de lado, dizia que eu merecia mais e melhor...
Até que há uns meses, enviou-me uma sms a dizer o seguinte: - "por favor B., para com isso, tu mereces uma mulher por inteiro!tenho feito de tudo para me esqueceres..."
Passado 1 semana, mudou de numero de telemovel. Desde entao nao sei mais nada dela, tenho andado á procura da morada.
Como ves, por vezes quando mais humanos somos mais sofremos...Cada dia que passa é um tormento... Lá está se eu fosse como os outros rapazes...

Desculpa este meu desabafo, felicidades para ti,

B. A.

Unknown disse...

Olá Liliana
Gostei da foto e tambem do teor da publicação.
O relacionamento Humano é muito complexo mas é essencial estar atentos aos sinais .
No caso sou da opinião que nós pacientes temos de dar o primeiro passo para acabar com o tabu ainda existente sobre o cancro por vezes (quase sempre) os amigos colegas de trabalho e até familiares sentem alguma dificuldade em falar no assunto e muitas vezes "calam-se".
Sei que nem sempre é facil mas se falarmos ficamos bem melhor esta bixarada é cada vez mais uma doença crónica como tantas outras e cada vez menos terminal.
ABRAÇO, extencivel ao Puma hehe
JORGE

Graça disse...

Olá Lily,
Antes de começar a trabalhar, também senti muitas vezes esse abandono por parte das pessoas que se cruzavam comigo na rua, depois de começar, as coisas foram diferentes, talvez porque me viram igual ao que sempre fui, sem aspecto de desgraçadinha!
não senti que me olhassem com "pena", pelo contrário, até as pessoas com quem não tinha uma relação muito próxima, se aproximaram para dar apoio e tudo voltou ao normal!
beijinhos

Anónimo disse...

Olá Liliana
Tenho pasado por aqui várias vezes, mas saía de mansinho...
Hoje este texto tocou-me sobremaneira.
Não fui eu que tive cancro.Não fui eu que faleci. Foi a minha filha...
Mas quase todas aquelas pessoas, que pensavamos amigos, desapareceram, nem olá são capazes de dizer. Os AMIGOS encontrei-os aqui, sempre prontos a apoiar. Não quero ser tratado de coitadinho que a filha faleceu. Estou a tentar sobreviver... Digam olá, sem ar de piedade, e está tudo bem.
Beijinhos
O pai Bártolo